Surrealismo
Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle.
A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do
instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa é percebida totalmente isentas de contradições.
A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja,
qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam
plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do
ser humano: o subconsciente.
O Surrealismo apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo. No entanto, se os dadaístas propunham apenas a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que viviam e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases. Os surrealistas pretendiam, dessa forma, atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente e do inconsciente. A fantasia, os estados de tristeza e melancolia exerceram grande atração sobre os surrealistas, e nesse aspecto eles se aproximam dos românticos, embora sejam muito mais radicais.
Dentro do surrealismo devem-se destacar três períodos importantes e bem diferenciados entre si: o período dos sonhos (1924), representado pelas obras de natureza simbólicas, obtidas através de diferentes procedimentos de automatismo, de certo figurativismo; o período do compromisso político (1928), expresso na filiação de seus líderes ao comunismo; e uma terceira fase (1930), de difusão, que se empenhou na formação de grupos surrealistas em toda a Europa, tendo conseguido a adesão de grupos americanos.
Principais Artistas
* Salvador Dali
É, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas surrealistas. Estudou em Barcelona e depois em Madri, na Academia de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca e Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de Giorgio de Chirico. Finalmente aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta. Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a se interessar pela psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a sua obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi fundamental para sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton e se entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme Um Cão Andaluz, que fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o conceito de “paranóia critica“ para referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas. Segundo ele, é preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos anos 30 foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes mestres. Instalou seu ateliê em Roma, embora continuasse viajando. Depois de conhecer
Joan Miró
Iniciou sua formação como pintor na escola de
Surrealismo na pintura mexicana, brasileira e americana.
* Mexicanos
Atingiu seu ponto máximo nas décadas de 1920 e 1930, quando vários artistas pintaram temas que enfatizaram sentimentos nacionalistas.
Os artistas mexicanos produziram obras que combinavam as técnicas do expressionismo com temas nacionalistas e, por vezes, revolucionários. José Cremente Orazco, Diego Rivera, David Siqueiros, etc. procuravam criar obras autenticamente mexicanas. Muitas de suas pinturas retratavam heróis e a história do México. Essas obras eram muito procuradas para decorar edifícios públicos, por isso muitos artistas mexicanas dedicaram-se a pintar enormes murais.
"O diabo na Igreja" / David Alváros Siqueiros
* Brasileiros
Depois da Semana de Arte Moderna de 1922 em tonno da qual se agruparam pintores como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, a pintura, como em outras partes do mundo, vem seguindo grande diversidade de estilos.
As idéias que levaram à organização da semana, ao mesmo tempo em que visavam a uma tomada de consciência da nacionalidade, chamaram a atenção para o que então de mais atual ocorria na Europa. Assim, ao longo das décadas seguintes, surgiram pintores de estilos tão diversos como Portinari e Volpi, Cícero Dias e Lasar Segall, Djanira e Carlos Scliar.
"Samba" / Di Cavalcanti
* Americanos (1900-1940)
Em 1908, ano em que o cubismo apareceu na Europa, um grupo de artistas norte-americanos fez uma exposição coletiva. Eram chamados de os oito.
Robert Henri liderava o grupo, formado ainda por Arthur B.Davies, William Glackens, Ernst Lauson, George Luks, Maurice Prendergast, Everett Shinn e John Sloan. Cada um tinha seu estilo próprio. Mas opunham-se a pintura conservadora e sentimental norte-americana que estava na moda no começo do século XX.
Os movimentos artísticos surgidos na Europa no começo do século XX influenciaram muitos pintores norte-americanos. O público dos EUA teve pela primeira vez uma visão completa da moderna arte européia em 1913, em uma famosa exposição chamada Armory Show (mostra do arsenal). A mostra foi inaugurada
Entre os pintores norte-americanos desse período destacou-se Stuart Davis, que criou um estilo que combinava temas norte-americanos com formas geométricas cubistas.
Na década de 1930, alguns pintores norte-americanos voltaram-se para temas de determinadas regiões dos EUA.
Thomas Hart Benton e Grant Wood pintaram paisagens, narrativas folclóricas e lendas do Meio Oeste, em uma tentativa de criar um tipo de pintura inteiramente norte-americana.
"Vida Noturna" / Edward Hopper
Surrealismo na escultura
No surrealismo, melhor do que falar em escultura deve-se falar em objetos retirados do seu contexto - algo muito parecido com o que o francês Marcel Duchamp, na ocasião também membro do movimento, havia iniciado com seus ready mades. Os surrealistas se dedicaram conscientemente a reunir os objetos mais díspares, privados de sua funcionalidade, para expressar as necessidades mais íntimas do homem. No começo, chegaram inclusive a falar de dois tipos de objetos: os naturais (vegetais, animais e minerais) e os de uso cotidiano. Exemplo claro do culto ao objeto, iniciado por este movimento, foi a Exposição de Objetos Surrealistas de 1936. Nela se representou as mais extravagantes combinações, produto das associações inconscientes de seus autores. Alguns podiam ser interpretados quase automaticamente pelo público, de tão simples que eram em sua composição, enquanto outros se mantinham dentro de um hermetismo simbólico poético, no melhor estilo das esculturas dadaístas. No entanto, deve-se destacar que os objetos surrealistas, no limite entre a ironia e a perversão, tentavam abrir a imaginação do espectador para a multiplicidade de relações existentes entre as coisas, para a associação livre de condicionamentos. Prova disso foram o engenhoso Telefone-lagosta, de Dalí, ou as combinações de objetos de Miró. Referindo-se à escultura surrealista, André Breton, precursor do movimento, disse: "não encontramos mais do que aquilo de que precisamos profundamente".
"Mesa Surrealista" / Alberto Giacometti
Surrealismo na literatura
Os escritores do surrealismo rejeitaram o romance e a poesia em estilos tradicionais e que representavam os valores sociais da burguesia. As poesias e textos deste movimento são marcados pela livre associação de idéias, frases montadas com palavras recortadas de revistas e jornais e muitas imagens e idéias do inconsciente. O poeta Paul Éluard, autor de Capital da Dor e André Breton, autor de O Amor Louco, Nadja e Os Vasos Comunicantes, são representantes da literatura surrealista.
Surrealismo no cinema
Os cineastas também vão quebrar com o tradicionalismo cinematográfico. Demonstram uma despreocupação total com o enredo e com a história do filme. Os ideais da burguesia são combatidos e os desejos não racionais afloram. Dois filmes representativos são: Um Cão Andaluz (1928) e L'Âge D'Or (1930) de Luiz Bruñuel em parceria com Salvador Dalí.
Surrealismo no teatro
O dramaturgo francês Antonin Artaud é o maior representante do surrealismo no teatro, através de seu teatro da crueldade. Artaud buscava através de suas peças teatrais, livrarem o espectador das regras impostas pela civilização e assim despertar o inconsciente da platéia. Um das técnicas usadas pelo dramaturgo foi unir palco e platéia, durante a realização das peças. No livro O Teatro e seu duplo, Arnaud demonstra sua teoria.
Sua obra mais conhecida é Os Cenci de 1935, onde ele conta a vida de uma família italiana durante a fase do Renascimento.
Nas décadas de 1940 e 1950, os princípios do surrealismo influenciaram o
teatro do absurdo.
O surrealismo no Brasil
As idéias do surrealismo foram absorvidas na década de 1920 e 1930 pelo movimento modernista no Brasil. Podemos observar características surrealistas nas pinturas Nus e Abaporu de Ismael Nery e da artista Tarsila do Amaral respectivamente.
A obra Eu Vi o Mundo, Ele Começava no Recife, do artista pernambucano Cícero Dias, apresenta muitas características do surrealismo. As esculturas de Maria Martins também caminham nesta direção.
“O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões fundamentais da vida?” (fragmento do Manifesto do Surrealismo de André Breton, francês que lançou o movimento).
No mesmo manifesto, Breton define Surrealismo: "Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento".
Nome: Alan R. Souza, Marcelo da S. Pereira. Turma: 31
Nenhum comentário:
Postar um comentário