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sexta-feira, 11 de maio de 2012
Síntese da obra "O Filho Eterno" Cristóvão Tezza
Filho nasce com síndrome de Down, sendo rejeitado pelo pai, um estudante de letras que tenta ser escritor. O pai, depois descobrir a síndrome do filho, sonha secretamente com sua morte. Na época, 1982, a síndrome ainda é chamada de "mongolismo" e seus portadores de "mongolóides". O livro nos mostra o preconceito do pai e a vergonha que sente em assumir para a sociedade a condição de se filho(Felipe).
O livro é escrito pelo personagem do pai. O pai mostra-se egoista na maioria das vezes, ainda que internamente, mas ao mesmo tempo procura incentivar o menino, com estímulos e exercícios. Como para o pai o intelecto é muito importante, não se sente ligado ao filho. Certa vez, ao conversar com uma amiga ela diz que dá para ver o vazio nos olhos de Felipe. Isto machuca o pai. Constantemente ele critica o filho aos amigos e conhecidos, na esperança de que alguém lhe diga que o menino é "normal" ele anseia pela normalidade.
O pai compara as deficiências intelectuais de Felipe com suas próprias debilidades como escritor. Até que um amigo lhe diz que a inteligência de Felipe está na afetuosidade, e o menino é de fato afetuoso. No fim o pai aceita o filho, e os dois assistem futebol juntos, paixão do filho, que o pai acompanha para terem algo em comum que possam conversar. Ambos torcem pelo Atlético Paranaense. Felipe, que sempre teve dificuldades no aprendizado, aprende com o futebol noções de tempo, vitórias, derrotas, leitura, etc... Conhecimentos importantes que o pai nunca conseguiu ensinar-lhe com as didáticas convencionais. O pai que sempre detestou TV e futebol (pensava: diversão barata para pessoas burras), acaba sendo grato à ambos.
O pai ganha do irmão no dia do nascimento do filho, um poema escrito por ele mesmo, tempos atrás que dizia: "Nada do que não foi poderia ter sido". Isto o irrita profundamente na época, mas no passar do tempo torna-se uma espécie de mantra repetindo ao longo do livro. É uma biografia, de certa forma, pois o personagem assim como Cristovão T. também é autor, professor universitário, paranaense, e tem um filho com síndrome de down, embora Cristovão Tessa negue que o livro seja autobiográfico.
Na verdade, nota-se ao longo do livro que as pessoas ao redor do autor não percebe sua frustração e revolta com a condição de seu filho, algo que ocorre internamente. Imagino que percebam um pai dedicado - coisa que nem o pai, talvez por saber o que se passa no seu íntimo não perceba, embora seja - que esforça-se ao máximo pra estímular o filho a desenvolver seu potencial. E o livro é como um diário, não que seja escrito na forma de um diário, mas o personagem expõe seus sentimentos mais profundos sem medo de julgamentos. Portanto, embora possamos ter um sentimento que o pai é egoísta, na verdade se pudéssemos ver os sentimentos mais profundos de alguém, sem que estas se preocupassem com eventuais julgamentos, a mais altruísta das pessoas poderiam nos parecer fúteis e preocupadas apenas consigo.
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