segunda-feira, 14 de maio de 2012

O título é extraído da Bíblia, remetendo-nos ao Gênesis, é à história de Rebeca, que privilegia o filho Jacó, em detrimento do outro filho, Esaú, fazendo-os inimigos irreconciliáveis. A inimizade dos gêmeos Pedro e Paulo, do romance de Machado, não tem causa explícita, daí a denominação de romance "AB OVO" (desde o ovo). É o romance da ambigüidade, narrado em 3ª pessoa, pelo Conselheiro Aires. Pedro e Paulo seriam "os dois lados da verdade". À medida que vão crescendo, os irmãos começam a definir seus temperamentos diversos: são rivais em tudo. Paulo é impulsivo, arrebatado, Pedro é dissimulado e conservador - o que vem a ser motivo de brigas entre os dois. Já adultos, a causa principal de suas divergências passa a ser de ordem política - Paulo é republicano e Pedro, monarquista. Estamos em plena época da Proclamação da República, quando decorre a ação do romance. Até em seus amores, os gêmeos são competitivos. Flora, a moça de quem ambos gostam, se entretém com um e outro, sem se decidir por nenhum dos dois: é retraída, modesta, e seu temperamento avesso a festas e alegrias levou o Conselheiro Aires a dizer que ela era "inexplicável". O conselheiro é mais um grande personagem da galeria machadiana, que reaparecerá como memorialista no próximo e último romance do autor: velho diplomata aposentado, de hábitos discretos e gosto requintado, amante de citações eruditas, muitas vezes interpreta o pensamento do próprio romancista. As divergências entre os irmãos continuam, muito embora, com a morte de Flora, tenham jurado junto a seu túmulo uma reconciliação perpétua. Continuam a se desentender, agora em plena tribuna, depois que ambos se elegeram deputados, e só se reconciliam ao fim do livro com novo juramento de amizade eterna, este feito junto ao leito da mãe agonizante.
As aventuras de Leonardo, herói das Memórias de um Sargento de Milícias, filho de Leonardo Pataca e de Maria da Hortaliça, são o núcleo da narrativa. Seus pais, imigrantes portugueses, conheceram-se a bordo do barco que os trouxe ao Brasil, depois de uma pisadela no pé direito e de um beliscão: Ao sair do Tejo, estando Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonha­da do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos. O nascimento de Leonardo foi inevitável sete meses depois; sua caracterização é marcante: ... sete meses depois teve a Maria um filho, formidável menino de quase três palmos de comprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; o qual, logo depois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar o peito. E este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta história. Aos sete anos, “... quebrava e rasgava tudo que lhe vinha à mão. Tinha uma paixão decidida pelo chapéu armado do Leonardo; se este o deixava por esquecimento em algum lugar ao seu alcance, tomava-o imediatamente, espanava com ele todos os móveis, punha-lhe dentro tudo que encontrava, esfregava-o em uma parede, e acabava por varrer com ele a casa...”. Maria da Hortaliça não era fiel a seu companheiro. Depois de flagrá-la com alguém que escapa pela janela, Leonardo Pataca, num assomo de raiva, chuta o pequeno Leonardo para fora de casa e perde Maria, que foge. Apesar de abandonado pelos pais, Leonardinho — como chamaremos a Leonardo filho neste texto — conta — não só nesse momento, mas ao longo de toda a vida — com a proteção e o afeto de várias personagens: expulso de casa, passa a viver com o padrinho, que era barbeiro e que cuida dele durante anos. Sua madrinha, parteira e “papa-missas”, também o ajudará. Afeiçoado pelo menino, o barbeiro fazia vistas grossas às suas malandragens. O plano do padrinho era que Leonardo fosse clérigo. Porém, na escola, ele era o gazeteador-mor de sua sala — o aluno que mais “matava” aulas —, que diariamente tomava bolos do professor; na Igreja, como coroinha, com um outro pequeno sacristão, fazia todo o tipo de travessuras: vingou-se de uma vizinha que não gostava dele e expôs publicamente o caso do reverendo com uma cigana. Na primeira parte do livro, embora o narrador afirme que o herói é Leonardo filho, também as trapalhadas de Leonardo, o pai, são relatadas. Metido em problemas amorosos com a cigana, que também tinha um caso com o reverendo da Sé, Pataca é preso em um ritual de Fortuna — macumba — pelo Major Vidigal, temida autoridade policial da época do reinado de Dom João VI no Brasil: “Nesse tempo ainda não estava organizada a polícia da cidade, ou antes estava-o de um modo em harmonia com as tendências e idéias da época. O major Vidigal era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo que dizia respeito a esse ramo de administração; era o juiz que julgava e distribuía a pena, e ao mesmo tempo o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua imensa alçada não havia testemunhas, nem provas, nem razões, nem processo; ele resumia tudo em si; a sua justiça era infalível; não havia apelação para as sentenças que dava, fazia o que queria, e ninguém lhe tomava contas. Exercia enfim uma espécie de inquirição policial.” Para conseguir a soltura depois de ser preso por Vidigal, Leonardo Pataca é ajudado por um tenente-coronel que lhe devia um favor. Fora da prisão, envia a uma festa na casa da cigana um valentão que batia por dinheiro, o Chico Juca, para arrumar uma briga. É nessa confusão que o caso da cigana com o reverendo acaba revelado de fato: “No mesmo instante viu aparecer o granadeiro trazendo pelo braço o Rev. mestre de cerimônias em ceroulas curtas e largas, de meias pretas, sapatos de fivela, e solidéu à cabeça. Apesar dos apuros em que se achavam, todos desataram a rir: só ele e a cigana choravam de envergonhados.” Depois de reatar brevemente suas relações com a cigana, Leonardo Pataca relaciona-se com Chiquinha, com quem se casará — há aqui um pequeno defeito na narrativa, atribuído a Manuel Antônio de Almeida: ao citar Chiquinha pela primeira vez, o narrador afirma que ela é sobrinha da comadre; no início do segundo volume, afirma que ela é filha da comadre. As aventuras de Leonardinho tornar-se-ão, nesse momento, o único núcleo das Memórias e uma importante personagem surgirá: Dona Maria, velha rica que também protegerá o protagonista. “D. Maria tinha bom coração, era benfazeja, devota e amiga dos pobres, porém em compensação dessas virtudes tinha um dos piores vícios daquele tempo e daqueles costumes: era a mania de demandas. Como era rica, D. Maria alimentava esse vício largamente; as suas demandas eram o alimento da sua vida; acordada pensava nelas, dormindo sonhava com elas...” É na casa de D. Maria que Leonardo, já jovem e ainda absolutamente desocupado, se encantará por Luisinha, sobrinha abastada da velha das demandas. No entanto, há um entrave para a paixão de Leonardo: é José Manuel, rival que usará de todos os artifícios para conquistar Luisinha. Depois da morte do barbeiro, o herói da narrativa será obrigado a ir morar com seu pai, Chiquinha, uma meia-irmã já nascida e a parteira. O convívio com a madrasta é insuportável, e Leonardinho abandona a casa. Enquanto os desentendimentos ocorriam, a parteira havia tentado afastar José Manuel de Luisinha para favorecer o afilhado, mas a distância de Leonardinho dá espaço ao rival, que acaba conseguindo casar-se com a jovem graças à influência, junto à Dona Maria, de um mestre de reza — espécie de “professor de oração”, velho e cego, que ensinava a rezar a criadagem da velha. Longe de casa, Leonardo reencontra seu velho amigo de travessuras da igreja. É esse rapaz que lhe fará conhecer um novo amor, Vidinha, moça bonita de voz encantadora, de uma família composta de duas viúvas — a mãe de Vidinha e sua irmã — e seis jovens, três filhos de uma, empregados no exército e três filhas de outra. Apaixonado, Leonardo agrega-se a essa família para conquistar a mais bela das irmãs, mas encontra a resistência de dois dos primos, que tinham a mesma finalidade. Prestes a abandonar a casa, depara-se com a madrinha, que o havia localizado. Rapidamente ela ganha a amizade e a simpatia das viúvas. Em uma patuscada (festa familiar), os rivais do memorando arranjam que ele seja preso pelo Vidigal, por vadiação, porém ele escapa das garras do policial e retorna ao convívio da casa. Para livrá-lo da acusação dos dois irmãos e da perseguição de Vidigal, que jurava vingança por ter perdido uma presa, a comadre lhe arruma emprego na ucharia-real, o depósito de mantimentos do rei, perdido à custa de um flerte com a mulher do toma-largura, apelido que se dava a criados do rei. Enciumada por causa desse episódio, Vidinha vai à ucharia fazer escândalo; acompanhando-a para persuadi-la do contrário, Leonardinho acaba finalmente preso pelo Vidigal, que fará dele um granadeiro de sua patrulha. Aliviada, Vidinha retorna a casa, não sem encantar o toma-largura que, espertalhão e conquistador, se aproxima da família das duas viúvas. Em uma patuscada, o don juan é preso por beber demais: é Leonardo quem se encarrega dessa tarefa. Mesmo ligado à tropa de Vidigal, Leonardo não deixa de ser malandro e prega peças em seu superior — livra da perseguição o Teotônio, um piadista —, o que lhe rende a prisão definitiva, da qual só sairá depois da intervenção de Dona Maria, da comadre e de Maria Regalada, amor antigo de Vidigal, que intercede junto a ele em nome do herói. Em troca da liberdade de Leonardo, Maria Regalada cede ao desejo de Vidigal e mora em sua companhia. Livre e com o cargo de sargento da companhia de granadeiros, Leonardo casa-se com Luisinha após a morte de José Manuel. Como sargentos da ativa não podiam casar-se, ganha o título de sargento de milícias, que dá título ao texto.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Síntese da obra "O Filho Eterno" Cristóvão Tezza

Filho nasce com síndrome de Down, sendo rejeitado pelo pai, um estudante de letras que tenta ser escritor. O pai, depois descobrir a síndrome do filho, sonha secretamente com sua morte. Na época, 1982, a síndrome ainda é chamada de "mongolismo" e seus portadores de "mongolóides". O livro nos mostra o preconceito do pai e a vergonha que sente em assumir para a sociedade a condição de se filho(Felipe). O livro é escrito pelo personagem do pai. O pai mostra-se egoista na maioria das vezes, ainda que internamente, mas ao mesmo tempo procura incentivar o menino, com estímulos e exercícios. Como para o pai o intelecto é muito importante, não se sente ligado ao filho. Certa vez, ao conversar com uma amiga ela diz que dá para ver o vazio nos olhos de Felipe. Isto machuca o pai. Constantemente ele critica o filho aos amigos e conhecidos, na esperança de que alguém lhe diga que o menino é "normal" ele anseia pela normalidade. O pai compara as deficiências intelectuais de Felipe com suas próprias debilidades como escritor. Até que um amigo lhe diz que a inteligência de Felipe está na afetuosidade, e o menino é de fato afetuoso. No fim o pai aceita o filho, e os dois assistem futebol juntos, paixão do filho, que o pai acompanha para terem algo em comum que possam conversar. Ambos torcem pelo Atlético Paranaense. Felipe, que sempre teve dificuldades no aprendizado, aprende com o futebol noções de tempo, vitórias, derrotas, leitura, etc... Conhecimentos importantes que o pai nunca conseguiu ensinar-lhe com as didáticas convencionais. O pai que sempre detestou TV e futebol (pensava: diversão barata para pessoas burras), acaba sendo grato à ambos. O pai ganha do irmão no dia do nascimento do filho, um poema escrito por ele mesmo, tempos atrás que dizia: "Nada do que não foi poderia ter sido". Isto o irrita profundamente na época, mas no passar do tempo torna-se uma espécie de mantra repetindo ao longo do livro. É uma biografia, de certa forma, pois o personagem assim como Cristovão T. também é autor, professor universitário, paranaense, e tem um filho com síndrome de down, embora Cristovão Tessa negue que o livro seja autobiográfico. Na verdade, nota-se ao longo do livro que as pessoas ao redor do autor não percebe sua frustração e revolta com a condição de seu filho, algo que ocorre internamente. Imagino que percebam um pai dedicado - coisa que nem o pai, talvez por saber o que se passa no seu íntimo não perceba, embora seja - que esforça-se ao máximo pra estímular o filho a desenvolver seu potencial. E o livro é como um diário, não que seja escrito na forma de um diário, mas o personagem expõe seus sentimentos mais profundos sem medo de julgamentos. Portanto, embora possamos ter um sentimento que o pai é egoísta, na verdade se pudéssemos ver os sentimentos mais profundos de alguém, sem que estas se preocupassem com eventuais julgamentos, a mais altruísta das pessoas poderiam nos parecer fúteis e preocupadas apenas consigo.

Síntese da obra "Feliz Ano Novo" Rubens Fonseca

No dia 14 de dezembro, Marcelo, que já tinha bebido demais, declarou aos amigos que ia buscar o tesouro que o amigo escondera no fundo do lago e pulou em um “salto do Tio Patinhas”. Ele não submergiu logo, a profundidade do lago era pequena, Marcelo sofreu um acidente. Os amigos o tiraram do lago, o colocaram de pé (Quando deveriam deixá-lo deitado) depois o levaram deitado para um hospital. Ele havia fraturado a quinta vértebra cervical e comprimido a medula. Os movimentos abaixo do pescoço estavam perdidos. Marcelo era jovem, músico, vivia numa república onde moravam ele e alguns amigos. Vinha de uma condição de vida boa, o pai desapareceu na ditadura. A policial chegou e o levou, depois levou a mãe e a irmã mais velha. As duas voltaram, mas o pai nunca mais foi visto, os jornais questionavam o paradeiro de Rubens Paiva, a polícia negava envolvimento. Foi assim que Marcelo perdeu o pai. Teve muitas namoradas, Nana, uma amiga que morava na república, não o abandonara no hospital dormindo e dando o jantar, já tinham tido uma história, Marina, uma garota da faculdade de quem ele tirou a virgindade, e tantas outras. Marcelo vivia intensamente sua vida sexual, porém no estado em que estava, e ainda com uma sonda no pênis, não sentia tanta necessidade, mas pensava nisso vendo as enfermeiras. Ele também amava música, tinha uma banda, junto com o seu amigo Cassy, e já participara de concursos. Tocava na faculdade (Unicamp) onde estudava. A música fazia parte de Marcelo. No hospital recebia constantes visitas de amigos como Veroca Big, a grande, Virginia por quem tivera uma grande paixão, Olaf e outros. No primeiro hospital tinha as enfermeiras que o alimentavam, os enfermeiros que davam banho. Veroca ia pra lá e ficava lendo um livro para ele. Depois arrumaram um óculos que o permitia ler deitado e também ver televisão. A mãe levava a Folha de São Paulo e danones. Foi até que o levaram para o apartamento, lá as refeições melhoraram e ele tinha algumas vezes até sobremesa, deixou a sopinha e passou a comer arroz. O médico logo fez planos para o avanço da cura. A esse ponto Marcelo já mexia os braços, mas a sensibilidade dos mamilos para abaixo ainda não voltava. A fisioterapia se intensificava. Logo arrumaram um colete de ferro e meteram Marcelo dentro, erguiam a cama cada vez mais e assim ele ia progredindo até que conseguiu ir para a cadeira de rodas. Nesse ponto, Marcelo voltou a morar na casa da mãe, os amigos continuavam as visitas e dormiam lá. Com a chegada de uma nova médica para ajudá-lo ele passou a comer sozinho, escrever, andar sozinho na cadeira de rodas. Já descia para piscina para tomar sol, foi ao cinema e até ia a festas. Foi ao BBB onde faria um tratamento e começara a encarar sua nova realidade, ele adorou o lugar, havia pessoas com os mesmos problemas e que poderiam ajudá-lo a responder as suas perguntas. Em uma das festas que foi encontrou com Bianca, irmã de um amigo. Os dois começaram a namorar, os dois dormiam juntos. Fazia um ano do acidente. Ele se lembrava dos momentos ruins, de como se sentia injustiçado, como queria voltar no tempo minutos antes do salto, de como se sentira amargurado no ano novo e as lembranças das farras anti-carnaval... Mas agora entrava numa nova fase, iria ao BBB, se trataria, teria respostas, iria curtir Bianca até que a cura chegasse
O Pagador de Promessas Zé-do-burro era um homem muito simples, vivia na companhia da mulher e de seu animal, um burro por quem tinha muito apego. Certa vez o animal fora ferido na cabeça por um galho de árvore e Zé, ao ver a situação do animal, fez uma promessa à Santa Bárbara, prometeu que dividiria suas terras entre os necessitados e carregaria uma cruz tão pesada como a de Jesus até à igreja da Santa. Como em sua cidade não havia a tal igreja, fez a promessa em um terreiro de candomblé, onde ela é conhecida pelo nome de Iansan. Saiu de sua terra no interior da Bahia carregando uma cruz, junto ia sua esposa. Caminharam sete léguas até que chegaram à igreja de Santa Bárbara em Salvador. Saíram às cinco da manhã e chegaram à igreja um pouco antes desse horário. Por mais que Rosa insistisse para que ele deixasse a cruz na porta, Zé mantinha-se firme na ideia de que a promessa só seria cumprida se ele deixasse a cruz na frente do altar como prometera. Nessas circunstâncias Rosa se deitou nos degraus da igreja e cochilou. Zé, que estava extremamente cansado da jornada com a cruz, ficou tentando se manter em vigília, mas pegava no sono constantemente. Enquanto isso, chegou à praça Bonitão e Marli. Ela lhe entregou um dinheiro e ele reclamou do tanto que ela conseguiu, mas o serviço de prostituta não rendia como antes. Os dois acabaram brigando, Marli era completamente apaixonada por ele que, no entanto, não se importava, a não ser pela questão financeira. Marli foi embora. Bonitão foi em direção a Rosa e Zé, já com segundas intenções para com Rosa. Zé-do-burro lhe explicou a situação, ao que Bonitão aconselhou que ele fosse à porta lateral da sacristia, pois o padre já deveria ter levantado para se preparar para a missa das seis. Zé foi e enquanto isso Rosa e Bonitão conversaram cheios de insinuações. Quando Zé voltou, Bonitão ofereceu um lugar para os dois se hospedarem, mas Zé se opôs a abandonar a cruz, frente às insistências do marido, Rosa foi e o traiu com Bonitão. Com o passar das horas, a agitação na rua começou e a igreja foi aberta. Zé, dirigindo-se ao padre, explicou sua promessa. O padre ouvindo citações do candomblé se recusou a permitir a entrada de Zé na igreja. Ele, frente a isso e muito responsável em relação à promessa, afirmou que só sairia dali quando a cumprisse. Nesse momento, apareceram muitas pessoas na praça de frente para a igreja. O galego dono de uma venda, um poeta, uma baiana e outros, todos se puseram a favor de Zé e ficaram ali a opinar. Nessas circunstâncias Rosa volta já arrependida de sua traição. Logo mais um repórter aparece e classifica Zé como o novo Messias, apoiador da reforma agrária e cria envolta da promessa dele uma campanha política. Um guarda apareceu e tentou convencer Zé a ir embora e depois intercedeu a favor dele junto ao padre, mas ele não aceitou. Com isso, apostas foram feitas quanto ao dia da entrada ou não de Zé e a cruz na igreja. O superior do padre foi à igreja, ficou a par da historia, propôs que Zé pedisse perdão por seu pecado e fosse embora abandonando a cruz, mas ele não aceitou. Com contribuição de Bonitão, apareceu na praça um policial que ficou a observar Zé, buscando indícios para condená-lo. Rosa, de certa forma ciente quanto à situação do marido, voltou a suplicar ao marido para ir embora, mas ele estava irredutível. Nessas circunstâncias Bonitão reapareceu e Rosa foi com ele. Chegou ao local o delegado com alguns policiais, querendo levar Zé-do-burro preso, mas ele se declarando inocente e sem nada a temer afirmou que dali só sairia morto. Logo uma confusão aconteceu e um tiro feriu Zé mortalmente. Os policiais foram embora, o padre se sentiu culpado e os capoeiristas que estavam na praça pegaram o corpo dele e colocaram sobre a cruz levando para dentro da igreja.

Síntese da obra "Manuelzão e Miguilim" de Guimarães Rosa

Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa, é um volume composto por duas novelas: "Campo Geral" e "Uma Estória de Amor"."Campo Geral" é o relato lírico da infância do menino Miguilim, narrado em terceira pessoa, sob a perspectiva de Miguilim, menino inteligente e sensível que mora com a família na mata do Mutum (MG). A narrativa é organizada segundo a vivência e as experiências desse jovenzinho que está constantemente observando as pessoas e as coisas situadas em seu universo sertanejo. Diversas personagens vão sendo apresentadas ao leitor: a mãe; o pai suicida; o padrasto e tio Terêz; os irmãos, principalmente o Dito, que morre prematuramente de tétano; a avó ranzinza Izidra; entre outros. O leitor vai desvendando a cada passo o mundo afetivo de Miguilim, transbordado de alegrias e de tristezas, misturando-se nele as reflexões e os deslumbramentos. Guimarães Rosa capta o universo infantil, culminando com o deslumbramento dessa criança ao ver o mundo, quando um doutor lhe descobre a miopia. A segunda novela presente no volume é "Uma Estória de Amor", narrativa que revela o outro lado da vida, a velhice, retratada pela vertente de um vaqueiro que nunca havia se fixado, nem alcançara a estabilidade doméstica, senão no final da vida, já velho. Aos sessenta anos recompõe a família, construindo uma casa e, como promessa à mãe, uma pequena capela na fazenda da qual era administrador. Manuelzão prepara uma festa para a consagração. A novela registra os preparativos, a chegada dos sertanejos das mais diferentes regiões, a chegada do padre e a própria festa. Toda a história é narrada às vésperas da partida de uma boiada, instrumento de trabalho e da vida do protagonista e que serve de ligação entre o presente e a tessitura das recordações de um passado vivido com o eterno equilíbrio da graça e da desgraça. As duas novelas completam-se, mostram a infância e a velhice, cujos protagonistas fazem da descoberta e da recordação os pontos altos da matéria literária.

Síntese da obra "Contos Gauchescos" de Simões Lopes Neto

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Trezentas Onças O narrador Blau Nunes conta que, certa vez, viajando sozinho a cavalo, acompanhado apenas de seu cachorro, levava na guaiaca trezentas onças de ouro, destinadas a pagar um gado que compraria para seu patrão. Um certo ponto da viagem, pára para sestear num passo, onde, depois de uma boa soneca, vai refrescar-se com alguns mergulhos na água fresca. Tornando a vestir-se e a encilhar o zaino, parte em direção à estância da Coronilha, onde devia pousar. Logo que sai a trotar pela estrada, o gaúcho nota que seu cachorro estava inquieto, latindo muito e voltando sobre o rastro, como se quisesse chamar seu dono para o pasto outra vez. Mas Blau Nunes segue seu caminho até chegar à estância da Coronilha. Lá chegando, ao apear do cavalo e cumprimentar o dono da casa, nota que não estava com sua guaiaca. Anuncia que perdera trezentas onças do patrão e, preocupadíssimo, monta o cavalo outra vez para voltar ao lugar onde teria deixado a guaiaca. Depois de nova cavalgada, sempre acompanhado do fiel cãozinho, Blau Nunes chega ao passo, já de noite, e não mais encontra a guaiaca no lugar onde tinha certeza de que havia colocado quando se despira para o banho. Desespera-se tanto por imaginar que seu patrão o consideraria um desonesto, que pensa em suicidar-se. Chega a engatinhar o revólver e colocá-lo no ouvido, mas o cusco lambendo-lhe as mãos, o relincho de seu cavalo, o brilho das Três Marias, o canto de um grilo, tudo lhe invoca a presença e a força divina, que o demove daquele ato transloucado. Assim, o gaúcho reequilibra-se e decide que venderá todos os seus bens e dará um jeito de pagar ao patrão o prejuízo da perda das trezentas onças. E volta para a pousada na estância da Coronilha. É então que tem uma feliz surpresa: sobre a mesa da sala do estanceiro, ao lado da chaleira com que se servia a água do mate, estava a sua guaiaca 'empanzinada de onças de ouro'. Uma comitiva de tropeiros, que chegava à estância no momento em que ele voltava ao passo de sesteada, havia encontrado a guaiaca e a trouxera intacta. E esta foi a saudação que ele recebeu quando entrou na sala: '-Louvado seja Jesus Cristo, patrício! Boa noite! Entonces, que tal le foi de susto?' Conto narrado em 1ª pessoa, com muita descrição de paisagem. No Manantial Narração em 3ª pessoa. Na tapera do Mariano há um manantial. Bem no meio dele, uma roseira, plantada por um defunto, e gente vivente não apanha flores por ser mau agouro. Carreteiros que ali perto acamparam viram duas almas: uma chorava, suspirando; outra, soltava barbaridades. O lugar ficou mal-assombrado. Com Mariano morava a filha Maria Altina, duas velhas, a avó da menina e a tia-avó, e a negra Tanásia. Tudo em paz e harmonia. Certa vez foram a um terço na casa do brigadeiro Machado. Maria Altina encontrou o furriel André, e os dois se apaixonaram [conchavo entre o pai e o brigadeiro]. André lhe deu uma rosa vermelha. Em casa, ela plantou o cabo da rosa e a roseira cresceu e floresceu. Surgiu o trato do casamento...o enxoval... Chicão, filho de Chico Triste, andava enrabichado pela Maria Altina, que não se interessava por ele e tinha-lhe medo. Na casa de Chico Triste houve um batizado. O pai e a tia-avó foram ajudar. Chicão aproveitou-se, foi à casa do Mariano, matou a avó e quis pegar à força Maria Altina. Esta, vendo a avó morta, pegou o cavalo e saiu às disparadas, entrando no manantial. Chicão atrás. Ela some e só fica a rosa do chapéu boiando. Mãe Tanásia, que se escondera e vira tudo, vai à procura de Mariano. Nesse meio-tempo chegaram a casa os campeiros para comer. Viram a velha morta. Uns ficaram, e outros foram avisar Mariano e procurar Maria Altina.... Mariano apavorou-se, pensando que a filha fugira com o Chicão. Nisso chegou a mãe Tanásia e conta o sucedido. Todos vão ao manantial e encontram Chicão atolado, boiando. Mariano atira e acerta Chicão. O padre que ali está, coloca a cruz na boca da arma e pede que não atire mais. Mariano entra no lamaçal, luta com Chicão e os dois afundam e morrem. A avó foi enterrada também na encosta do manantial. Uma cruz foi benzida e cravada no solo pelos quatro defuntos. Mãe Tanásia e a tia-avó foram por caridade, morar na casa do brigadeiro Machado. E como lembrança do macabro acontecimento, ficou, sobre o lodo, ali no manantial, uma roseira baguala, roseira que nasceu do talo da rosa que ficou boiando no lodaçal no dia daquele cardume de estropícios. O Contrabandista Narração em 1ª pessoa. Informações históricas. O contrabandista é Jango Jorge. Mão aberta e por isso sem dinheiro. Foi chefe de contrabandistas. Conhecia muito bem lugares [pelo cheiro, pelo ouvido, pelo gosto]. Fora antes soldado do Gen. José Abreu. Estava pelos noventa anos, afamilhado com mulher mocetona, filhos e uma filha bela, prendada, etc. O narrador pousa na casa dele, era véspera do casamento da filha. Tudo preparado, Jango Jorge parte para comprar o vestido e os outros complementos de contrabando. É atacado, na volta, pelo guarda que pega o contrabando, mas ele não solta o pacote contendo o vestido e, por isso, é morto. Os amigos levaram o cadáver para casa, contaram como ocorreu e a alegria da festa vira tristeza geral. Obs.: no meio do conto é contada a história do contrabando na região, do comércio entre os lugares, os mascates... Jogo de Osso Narração em 1ª pessoa, bastante descritivo. Começa, dizendo que já viu jogar mulher num jogo. Depois descreve a vendola do Arranhão [um pouco para fora da vila, de propriedade de um meio-gringo, meio-castelhano, que tem faro para negócios: bebida, corrida, jogos, etc.]. Certo dia choveu e atrapalhou a jogatina. Cessada a chuvarada, resolvem jogar o osso. [Explica como se desenvolve a jogatina.] Os jogadores eram Osoro [mulherengo, compositor] e Chico Ruivo [domador e agregado num rincão da Estância das Palmas; vivia com Lalica. Chico só perde e acaba apostando Lalica. Esta com raiva de Ter sido incluída na aposta, começa a dançar com Osoro [o ganhador] provocando Chico Ruivo, que não aguentando mais, vara os dois ao mesmo tempo com um facão. O povo à volta grita para que peguem Chico Ruivo, mas ele foge no cavalo de Osoro. '-Pois é, jogaram, criaram confusão, mas nenhum pagou a comissão...Que trastes!...' [falou o meio-gringo do bolicho]

Síntese da obra "O centauro do Jardim" de Moacyr Scliar

Em um restaurante tunisiano “Jardim das Delícias”, localizado na cidade de São Paulo, Guedali Tratskovsky, filho de imigrantes judeus russos, relembra seu passado na fazenda Quatro Irmãos, situada no estado de Rio Grande do Sul. No ano de 1935 Guedali nasce com uma anomalia mítica, sua fisionomia é a de um centauro. Seus pais decidem protegê-lo e escondê-lo do mundo. Guedali vive livre no campo e galopa com bastante frequência. Em um de seus passeios conhece um índio chamado Peri e se alegra com a possibilidade de ter um amigo, mas Peri nunca mais é visto. Quando o filho do fazendeiro vizinho descobre seu segredo, o pai de Guedali decide mudar com a família para proteger o filho. Mudando-se para a cidade, a vida de Guedali se torna ainda mais reclusa e ele se refugia nos livros. Com a idade de vinte anos foge para um circo e passa a se apresentar, supostamente, com um irmão em uma fantasia de centauro. Descoberto pela domadora que se envolvera, foge também do circo. Guedali conhece outra centaura chamada Tita e passa a viver com ela. Como Tita se ressentia de sua natureza, os dois vão para Marrocos e realizam uma operação que os permitem andar sobre as duas patas traseiras. De volta ao Brasil, os dois passam a viver uma vida normal, mas por não sentirem aquele mesmo sentimento do início do relacionamento, Guedali trai Tita, mas ninguém descobre. Tempos depois, Guedali flagra Tita lhe traindo com outro centauro e volta para Marrocos para reverter sua operação. Lá se apaixona por uma esfinge, Lolah, que é assassinada pelo assistente do médico ao tentar ajudar Guedali que desistira da operação. Guedali volta para o Brasi, se reconcilia com Tita e em setembro de 1973 comemora com os amigos em um bar, o seu 38º aniversário e conta sua história a alguns amigos enquanto Tita conta a uma amiga uma história semelhante, mas sem a existência de centauros.

Síntese da obra "História do cerco de Lisboa " de José Saramago

José Saramago "A História do Cerco de Lisboa" se divide em duas histórias: a real, do cerco a Lisboa no ano de 1147 (quando os portugueses, com ajuda dos cruzados, tomaram a cidade aos mouros), e a fictícia, que surge aos poucos na cabeça do revisor Raimundo Silva, depois de alterar injustificadamente certa frase nas provas de um livro, mudando a história com a simples força de um "não". Síntese Não é Lisboa que está cercada - mas sim a própria história. Raimundo Silva, revisor de livros, introduz num tratado de história (intitulado "História do Cerco de Lisboa") um erro voluntário: os cruzados não ajudaram os portugueses a conquistar Lisboa. É um "não" que desvirtua o acontecido, ao mesmo tempo em que exalta o papel do escritor, capaz de modificar tão facilmente o que estava consagrado. Para além das decorrências dessa história, Raimundo Silva vai viver outra, com sua editora Maria Sara. Juntos, espelham uma história vivida por outro casal, há séculos, durante o cerco de Lisboa. Neste romance, publicado pela primeira vez em 1987, José Saramago explora com engenho e paixão os espaços da literatura e da história, como já fizera em "Memorial do Convento", "O Ano da Morte de Ricardo Reis" e "Jangada de Pedra", e como viria a fazer depois em outras obras igualmente notáveis, como "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "In Nomine Dei". Raimundo Silva não voltará a ser o sujeito paciente que era, porque seu ato de rebeldia o faz assumir outro posto na vida. Ao longo da prosa inimitável de um dos maiores escritores da nossa língua, são vários cercos, então, que vão caindo: tanto o cerco histórico da cidade de Lisboa como o imaginário, recontado por Raimundo, e, finalmente, o compreensível, mas inaceitável cerco que o impede de comunicar-se com a mulher do seu afeto.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

UFRGS divulga leituras obrigatórias para o vestibular 2013 em 30 de março de 2012 A Comissão Permanente de Seleção (Coperse) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) divulgou a lista de leituras obrigatórias do vestibular de 2013. Quatro das 12 obras são novidades. As novas obras são uma seleção de poemas de Gregório de Matos Guerra, além de O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa), Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, e Esaú e Jacó, de Machado de Assis. Confira os demais itens da lista: — A Educação pela Pedra, de João Cabral de Melo Neto — História do Cerco de Lisboa, de José Saramago — O Centauro no Jardim, de Moacyr Scliar — Contos Gauchescos, de João Simões Lopes Neto — Manuelzão e Miguilim (Campo Geral e Uma Estória de Amor), de Guimarães Rosa — O Pagador de Promessas, de Dias Gomes — Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca — O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza Deixaram a relação as obras O Uraguai, de Basílio da Gama, Lucíola, de José de Alencar, Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e a seleção de poemas de Álvaro de Campos, também um heterônimo de Fernando Pessoa.

Animação do conto "Entre Santos" de Machado de Assis